Antigos Paços do Concelho
Arquitectura popular. Finais do séc. XVIII (?).
Edifício de linhas simples, levantado nos finais do século XVIII, a antiga casa da câmara ou paços do concelho de Alvalade, tinha, no piso superior, o seu espaço nobre, constituído por uma sala de serviços de administração municipal e um salão para reuniões e actos solenes. Foi aí que, em 18 de Julho de 1833, o Duque da Terceira e parte do seu “estado-maior”reuniram a vereação e as demais autoridades de Alvalade, exigindo que aclamassem D. Maria II como soberana e rainha de Portugal, renunciando a fidelidade a D. Miguel I, anteriormente declarada. O piso térreo era parcialmente ocupado por uma pequena cadeia, de cela única, situação muito comum na história do municipalismo português e que remonta aos finais da idade média. A grade de ferro da janela da velha cela, defronte para a praça (ainda visível em algumas fotografias antigas), traz à memória vários casos dramáticos da história social alvaladense, onde se destacam alguns homicídios violentos, quase sempre por questões passionais ou amores que desassossegaram Alvalade no século XX. A tipologia da cela permitia a “exposição pública” dos detidos e aguçava a curiosidade da população quando tinha “hóspedes”, quase sempre por escassas horas, um dia ou uma noite até serem encaminhados para Santiago, para aí serem julgados. É um dos principais edifícios históricos do núcleo antigo da vila e por ele passou grande parte da vida administrativa, judicial, política e social da freguesia ao longo de vários séculos. Com a extinção do concelho, o edifício teve usos diversos e chegou a ser escola masculina na primeira metade do século XX. Actualmente, está ao serviço da paróquia para residência e cartório.